Paixões ardentes, beijos arrancados à força. Claro que a gente não acha que os mexicanos vivem num dramalhão. Mas na Cidade do México, a taxa de divórcios é de 50%. Metade dos casais rompe antes que a morte os separe.
Por isso um grupo de deputados apresentou uma proposta: instituir na cidade o casamento com prazo determinado. Tempo mínimo: dois anos. Acabou o prazo, o contrato de matrimônio perde a validade. O casal renova se quiser. Se não, a separação é automática, sem cerimônias.
“Você sabe como ela é, quais são as qualidades. Dois anos é um prazo mais do que suficiente para avaliar como está o relacionamento”, diz Rafael Faquine, casado há dois anos.
“Você dividir o mesmo teto com seu parceiro todos os dias. Não só o mesmo teto, dividir os problemas, as alegrias, as frustrações, as contas... Sem dúvida, isso faz com que a gente se conheça cada vez mais. Em dois anos, tudo isso já aconteceu”, avalia Karita Machado, casada há dois anos.
“Para sempre é muito tempo, com certeza”, diz uma mulher.
“Eu acho errado, eu sou meio tradicional. Sou das antigas mesmo”, afirma um homem.
“Eu acho errado, eu sou meio tradicional. Sou das antigas mesmo”, afirma um homem.
Para quem acha que a ideia dos mexicanos acabaria com o romantismo, com o sonho de felicidade eterna, os autores do projeto dizem que haverá a opção 'para sempre', o contrato de casório com validade eterna. Agora, será que um projeto como esse funcionaria no Brasil?
No Brasil, de cada cinco casamentos, um é desfeito. Os gaúchos, parece, resolveram nem mais casar. O Rio Grande do Sul é o estado onde se celebram menos casamentos por habitante: 4,4 casamentos a cada mil habitantes.
No Brasil, de cada cinco casamentos, um é desfeito. Os gaúchos, parece, resolveram nem mais casar. O Rio Grande do Sul é o estado onde se celebram menos casamentos por habitante: 4,4 casamentos a cada mil habitantes.
“Hoje ninguém acredita mais no casamento, ninguém se atura mais”, diz uma gaúcha.
“Diz que é falta de homem”, opina uma senhora.
“As mulheres daqui estão muito bravas, elas brigam muito, xingam, querem bater, fica difícil casar”, justifica um rapaz.
No Acre, a chama continua acesa. É o estado onde mais se juntam os trapinhos: 11,2 casamentos a cada mil habitantes.
“Casamento está na moda”, diz um homem.
No Maranhão, na alegria ou na tristeza, o casamento dura. É o lugar onde menos se separa: 0,4 divórcios a cada mil habitantes.
“Em termos de homens, os maranhenses são os mais infiéis que tem, né?”, diz uma mulher.
E onde os casais mais tiram a aliança é na capital do Brasil, campeã de separações. São 2,6 divórcios a cada mil habitantes no Distrito Federal.
“Se eu me separar, não me caso nunca mais. Rogério, se cuida, sua batat ta assando!”, avisa uma jovem.
No Brasil, a maior parte dos divórcios acontece entre casais que disseram sim há mais de 25 anos. Mas, no altar dos famosos, o prazo mínimo de casamento proposto pelos deputados mexicanos - dois anos - parece uma eternidade.
Alexandre Pato e Stephany Brito ficaram casados nove meses; Jennifer Lopez e Cris Judd, oito meses; Patricia de Sabrit e Fábio Júnior; quatro meses; Lisa Presley e Nicolas Cage, 3 meses; Ronaldo Fenômeno e Daniela Cicarelli; nem três meses, 86 dias; e a Britney Spears se casou em Las Vegas com um amigo de infância, mas o casamento durou só 55 horas.
Acontece. Veja a história da administradora Clarissa Lopes.
“Namoramos cinco anos, casamos, ficamos cinco meses casados”, conta.
Mas nem por isso ela toparia ter feito um casamento test-drive, com prazo de validade, como a proposta da Cidade do México.
“Eu acho que não funciona, porque ninguém casa pensando em separar”, diz Clarissa.
O advogado de família Luiz Octavio Costa Neves também não gosta da inovação mexicana.
“Casamento é feito para perdurar. O divórcio, a interrupção do casamento, é exceção. O divórcio hoje em dia já está tão simples”, alega.
Rodrigo e Carolina não pensam em separação, dizem que nunca pensaram e jamais pensarão. Ainda assim, a proposta mexicana poderia lhes cair bem.
“A gente renovaria os votos a cada dois anos”, diz Rodrigo.
Eles adoram casar. Primeiro foi no civil. O segundo, na igreja. E o terceiro casamento, só de brincadeirinha, foi em Las Vegas.
“Pra gente, isso é muito importante, estar casando de novo, estar mostrando de novo, ouvir de novo da boca dele que ele quer ficar comigo”, afirma Carolina.
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